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Na última semana, o psicólogo e cientista da computação Geoffrey Hinton, conhecido como um dos pioneiros das inteligências artificiais, surpreendeu ao alertar o mundo sobre os perigos da tecnologia e dizer que se arrepende da sua contribuição. Na última sexta, 5, ele voltou a falar sobre o assunto e, em entrevista à Reuters, afirmou que o tema é mais urgente que as mudanças climáticas.
“Não gostaria de desvalorizar as mudanças climáticas. Isso também é um risco enorme”, afirmou Hinton. “Mas acho que isso [Inteligencias artificias] pode acabar sendo mais urgente.”
Durante muito tempo, ele acreditou que os modelos de aprendizado de máquina eram inferiores à maneira como os seres humanos processam a linguagem. À medida que a tecnologia evoluiu, contudo, passou a ter uma visão mais pessimista, alertando para o perigo dessas ferramentas eclipsaram as capacidades humanas.
“Com a mudança climática, é muito fácil recomendar o que você deve fazer: basta parar de queimar carbono. Se você fizer isso, eventualmente tudo ficará bem”, disse Hinton ao site de notícias. “Para isso [Inteligências artificiais], não está nem um pouco claro o que você deve fazer”
Conhecido como “padrinho da IA”, Hintou trabalha nesse campo há 50 anos. Em 1986, ele foi co-autor de um trabalho científico que possibilitou a criação de redes neurais e, em 2012, foi um dos responsáveis por desenvolver o sistema matemático que é base das tecnologias de aprendizado de máquina. Em 2018, ao lado de Yoshua Bengio e Yann LeCun, recebeu o Prêmio Turing, um dos mais importantes da área, por sua contribuição.
Após o feito de 2012, Hinton e seu time foram contratados pelo Google, de onde ele pediu demissão na última semana para que pudesse falar criticamente sobre as inteligências artificias sem prejudicar a companhia. Em sua conta do twitter ele afirmou, contudo, que considera responsável o trabalho feito pela empresa no desenvolvimento de IAs generativas.
Hinton ainda disse, segundo a agência, que não concorda com a pausa no desenvolvimento das IAs, uma demanda feita por mais de mil especialistas, que incluíram Bengio, Musk e outras personalidades importantes para esse campo, como Steve Wozniak e Stuart Russell.
O pedido foi feito após a rápida ascensão de ferramentas como o ChatGPT, que após o surgimento, em novembro, angariou rapidamente dezenas de milhares de usuários mensais e garantiu, para sua desenvolvedora, a OpenAi, um suporte financeiro da Microsoft. A surpresa promoveu uma verdadeira corrida entre as Big Techs para o desenvolvimento de IAs ainda mais poderosas.
Para Hinton o pedido é irrealista e ele diz acreditar que um grande esforço será necessário para que se compreenda o que poderá ser feito a respeito dessas tecnologias.